Turismo ressente-se com encerramento das estradas para a estância de esqui. Mas as autoridades garantem que as características da região não permitem limpeza
É o efeito bola de neve. "A crise já não contribui para o turismo da Serra da Estrela, mas as estradas encerradas completam o cenário de desolação", diagnostica Pedro Patrão, vendedor de queijo e presunto, à espera do cliente que há vários dias não entra ali na loja do Sabugueiro, aldeia que é porta de entrada para a montanha mais alta de Portugal.
A estrada está fechada logo à entrada de Seia, concelho onde está edificada a única estância de esqui do país. É possível estacionar no Sabugueiro, mas não é possível percorrer o quilómetro que a separa da Torre, onde estão alojadas nove pistas de esqui . E sem acesso às pistas, a poucos interessa chegar à aldeia. O acesso está interdito desde terça-feira.
Sem neve, a Serra da Estrela de nada serve a quem espera pelos dias mais frios da estação para praticar desportos de Inverno. Foi assim nos últimos dois anos - não houve temperatura suficiente para degenerar em neve ou houve neve, mas foi logo derretida pela chuva. O turismo ressentiu-se. Agora, vestida de branco, marcada por um dos mais intensos nevões de que dizem haver memória, a Serra, quase dois mil metros de altitude, continua a não satisfazer os desejos dos turistas, nem quem vive dos desejos deles. Os hotéis estão vazios; as lojas despidas; nas ruas apenas cães. Dura ironia: há neve, mas não há como lá chegar.
"Antigamente, por esta altura, já tinha os quartos todos alugados para o Carnaval. Agora, nem um", lamenta José Martinho, 75 anos, mais de 30 a aquecer os pés no aquecedor a gás, electrodoméstico estacionado ali no meio da loja de licores e queijos que já conheceu fila e agora só o tem a ele. As histórias dos comerciantes são todas iguais. Com uma única diferença: há os que entendem o corte da estrada e os que o criticam.
Artur Costa Pais, administrador da Turistrela, critica tudo: o Centro de Limpeza da Junta Autónoma de Estradas e a brigada de montanha da GNR. Não se conforma com o facto de as estradas só ficarem transitáveis quando já estão secas e sem neve. Defende que "a economia da região depende do turismo" e que devido ao encerramento da ligação Piornos-Torre-Lagoas já se terão "perdidos vários milhões de euros".
Costa Pais compara o cenário português com o estrangeiro: "Em Madrid, os carros andam em segurança, mesmo com 10 centímetros de neve. A limpeza das estradas está a cargo de uma empresa privada paga pelo Estado. Por cada dia de estradas fechadas, a empresa é paga uma multa".
Na Serra da Estrela, há poucos meios ou pouca eficiência na limpeza realizada pela Estradas de Portugal? "Nem uma coisa nem outra", responde Manuel Tavares, responsável pelo Centro de Limpeza. "Temos seis limpa-neves e duas rotativas. Estamos sempre a trabalhar, todos os dias. Mas nesta região a neve é agravada pelo vento e pela falta de visibilidade. Às vezes, projectamos a neve para um lado e o vento leva-a para outro. Nestas circunstâncias, limpar a Torre é impossível".
Mesmo que houvesse acesso às pistas de esqui não seria possível esquiar, argumenta José Flávio, comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã. "O vento e o gelo não o permitiriam", garante. "Ao contrário do que acontece na maior parte das estâncias estrangeiras, esta tem muito vento. E aqui a neve é mais densa: se nos Alpes pesa cerca de 70 quilos por metro cúbico, aqui pesa mais de 780 quilos. Não vale a pena comparar os cenários: são diferentes. Não é possível fazer milagres".
É o efeito bola de neve. "A crise já não contribui para o turismo da Serra da Estrela, mas as estradas encerradas completam o cenário de desolação", diagnostica Pedro Patrão, vendedor de queijo e presunto, à espera do cliente que há vários dias não entra ali na loja do Sabugueiro, aldeia que é porta de entrada para a montanha mais alta de Portugal.
A estrada está fechada logo à entrada de Seia, concelho onde está edificada a única estância de esqui do país. É possível estacionar no Sabugueiro, mas não é possível percorrer o quilómetro que a separa da Torre, onde estão alojadas nove pistas de esqui . E sem acesso às pistas, a poucos interessa chegar à aldeia. O acesso está interdito desde terça-feira.
Sem neve, a Serra da Estrela de nada serve a quem espera pelos dias mais frios da estação para praticar desportos de Inverno. Foi assim nos últimos dois anos - não houve temperatura suficiente para degenerar em neve ou houve neve, mas foi logo derretida pela chuva. O turismo ressentiu-se. Agora, vestida de branco, marcada por um dos mais intensos nevões de que dizem haver memória, a Serra, quase dois mil metros de altitude, continua a não satisfazer os desejos dos turistas, nem quem vive dos desejos deles. Os hotéis estão vazios; as lojas despidas; nas ruas apenas cães. Dura ironia: há neve, mas não há como lá chegar.
"Antigamente, por esta altura, já tinha os quartos todos alugados para o Carnaval. Agora, nem um", lamenta José Martinho, 75 anos, mais de 30 a aquecer os pés no aquecedor a gás, electrodoméstico estacionado ali no meio da loja de licores e queijos que já conheceu fila e agora só o tem a ele. As histórias dos comerciantes são todas iguais. Com uma única diferença: há os que entendem o corte da estrada e os que o criticam.
Artur Costa Pais, administrador da Turistrela, critica tudo: o Centro de Limpeza da Junta Autónoma de Estradas e a brigada de montanha da GNR. Não se conforma com o facto de as estradas só ficarem transitáveis quando já estão secas e sem neve. Defende que "a economia da região depende do turismo" e que devido ao encerramento da ligação Piornos-Torre-Lagoas já se terão "perdidos vários milhões de euros".
Costa Pais compara o cenário português com o estrangeiro: "Em Madrid, os carros andam em segurança, mesmo com 10 centímetros de neve. A limpeza das estradas está a cargo de uma empresa privada paga pelo Estado. Por cada dia de estradas fechadas, a empresa é paga uma multa".
Na Serra da Estrela, há poucos meios ou pouca eficiência na limpeza realizada pela Estradas de Portugal? "Nem uma coisa nem outra", responde Manuel Tavares, responsável pelo Centro de Limpeza. "Temos seis limpa-neves e duas rotativas. Estamos sempre a trabalhar, todos os dias. Mas nesta região a neve é agravada pelo vento e pela falta de visibilidade. Às vezes, projectamos a neve para um lado e o vento leva-a para outro. Nestas circunstâncias, limpar a Torre é impossível".
Mesmo que houvesse acesso às pistas de esqui não seria possível esquiar, argumenta José Flávio, comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã. "O vento e o gelo não o permitiriam", garante. "Ao contrário do que acontece na maior parte das estâncias estrangeiras, esta tem muito vento. E aqui a neve é mais densa: se nos Alpes pesa cerca de 70 quilos por metro cúbico, aqui pesa mais de 780 quilos. Não vale a pena comparar os cenários: são diferentes. Não é possível fazer milagres".
Fonte: JN (07/02/2009)
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