domingo, novembro 04, 2012

Alminhas de Loriga

A devoção às Almas do Purgatório, como a entendemos hoje começou no Século XVI e desenvolveu-se a partir dos princípios do Sec XVIII tendo-se afirmado, de modo especial na Península, por oposição à reforma protestante e à sua concepção sobre o Purgatório.
É uma devoção sentida e vivida com fé pela população de Loriga que a ela dedica o mês de Novembro, por tradição o Mês das Almas, com uma frequência assídua ao Cemitério.
Uma expressão dessa devoção é o toque diário às Almas. Por volta das 20.00H as badaladas do sino convidam à oração pelos que já partiram.
Essa devoção está porém concretizada fisicamente em nichos - as Alminhas - dispersos pela freguesia e colocados de preferência nas encruzilhadas dos caminhos, o local de maior frequência de transeuntes e, em consequência, presumivelmente o local de mais orações: - Ó vós que ides passando, lembrai-vos de nós que estamos penando.
Há quem pretenda ver nesta localização um acto supersticioso prestável a feitiçarias e bruxedos ( e é verdade que alguém menos culto ou até oportunista se serve disso para influenciar outrém pela acção psicológica exercida a nível do subconsciente) ou então uma reminiscência dos altares pagãos, designadamente, de culto romano.
Com efeito, os mortos na antiga Roma eram reverenciados, mas como divindades rurais protectoras de searas e agricultores. E como os manes-lares eram colocados nos caminhos e nas encruzilhadas, esta semelhança de atitudes presta-se a uma interpretação deturpada das alminhas católicas.
Outrora, estes nichos, esculpidos em pedra trabalhada,  continham imagens pintadas em madeira. Hoje, porém, o seu figurado é desenhado em azulejo.
Aos diferentes estilos de alminhas dá-se o nome de:
  • colunas de granito trabalhadas
  • capelinhas
  • nichos
  • estelas

Alminha localizada junto ao Cemitério de Loriga:



Alminha localizada na Rua do Porto



Alminha localizada junto à Fonte das Almas





As alminhas são de todos
Pois quem é que lá não tem
Um parente ou um amigo
Um bom pai ou santa mãe

Não se diga portuguesa
Por muito que o queira ser
Terra que as suas Alminhas
Não restaurar ou erguer

Alminhas Abandonadas
Sem painel nem orações
Abram fontes de remorços
No fundo dos corações

As alminhas são de todos
Ninguém diga que não são minhas
É um dever sufragá-las
Pois são nossas irmazinhas


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